Na era da informação instantânea, estamos diante de um novo fenômeno: a superconfiança dos “especialistas” em IA com respostas rápidas, mas rasas, fornecidas por inteligências artificiais generativas como o ChatGPT.
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O que, há um tempo atrás, exigia anos de estudo e prática agora parece estar ao alcance de todos com alguns prompts e cliques.
Mas será que o domínio dos Prompts equivale ao domínio do conhecimento?
Bora analisar aqui como o efeito Dunning–Kruger (que descreve a tendência de pessoas com pouco conhecimento a superestimarem suas habilidades) se manifesta e se intensifica com a popularização da IA.
Uma nova camada para um velho viés cognitivo
O efeito Dunning–Kruger, identificado pelos psicólogos David Dunning e Justin Kruger em 1999, mostra que quanto menos alguém sabe sobre um assunto, maior a chance de superestimar sua competência.
Com a IA, esse efeito foi turbinado: respostas rápidas, articuladas e bem escritas passam a impressão de autoridade, mesmo que careçam de profundidade, contexto ou precisão factual.
A aparência de inteligência pode ser apenas uma performance convincente de compreensão.
IA: ferramenta ou disfarce para a ignorância?
Ferramentas como o ChatGPT são incríveis como apoio ao aprendizado e brainstorming (eu mesmo, uso desde dezembro de 2022).
Mas, sem senso crítico e validação, o uso superficial dessas ferramentas transforma leigos em “especialistas de LinkedIn” prontos para emitir opiniões com confiança desproporcional ao seu conhecimento real.
Ou ainda melhor, uma expressão que eu adoro, os Especialistas de Final de Semana..
Isto é, compra um curso online, troca meia dúzia de chats com a IA preferida e quer debater fervorosamente assuntos sem experiência real em situações reais e úteis..
E pior, esta “ilusão de saber”, alimentada por respostas fluentes e bem formatadas, pode reduzir o desejo de aprofundar o estudo e obscurecer a diferença entre entender e repetir.
Gente, não tem problema NENHUM usar AI, eu mesmo uso todo santo dia, múltiplas vezes..
Eu só estou defendendo, advogando aqui, que você realmente coloque a “mão na consciência” e compreenda que tudo leva tempo..
Principalmente se você quiser se posicionar e falar bem e com dignidade intelectual e moral sobre algo, você precisa “suar a camisa”!
ahaaahhah
É a repetição, a experiência de contexto real, o volume de contato com um assunto é que vai te dar a capacidade de “bater no peito” pra falar que domina um assunto..
Isso tudo vai automaticamente gerar e fortalecer a sua CONFIANÇA!
Confiança ≠ Competência: onde mora o Perigo ⚠️
Na era da IA, o conhecimento se tornou hiperdisponível, mas não necessariamente mais acessado com profundidade. Isso alimenta:
- Influxo de conselhos duvidosos nas redes sociais;
- Consultores de ocasião com base em resumos de IA;
- Formações rasas, com ênfase em repetição de conteúdo pronto;
- Desinformação técnica, vestida de jargão rebuscado.
A consequência?
Um ambiente digital saturado de opiniões infundadas, com decisões (inclusive empresariais e políticas) sendo influenciadas por quem aprendeu mais a parecer sábio do que a ser de fato.
Humildade Epistêmica: o antídoto necessário
Mais do que nunca, é preciso resgatar a humildade intelectual, o reconhecimento consciente dos próprios limites de conhecimento.
Isso implica:
- Estar disposto a dizer “não sei”;
- Validar informações em fontes primárias;
- Investir em aprendizado contínuo, não apenas consumo superficial;
- Usar a IA como aliada da curiosidade, não como atalho para parecer inteligente.
IA + Humanidade: um equilíbrio possível
A inteligência artificial pode ampliar nossa compreensão, desde que sirva ao conhecimento, e não ao ego.
O papel das plataformas, educadores e criadores de conteúdo é promover senso crítico e incentivar o aprofundamento.
Como diz o próprio Dunning:
“A ignorância, mais do que o conhecimento, nos faz confiantes”.